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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Quebra-cabeça da vida

Deitada na cama, ela olhava para o teto em busca de alguma resposta. Nada. Fechava os olhos e os abria novamente, numa vã tentativa. Outra vez nada. Ajoelhou-se, então, e suplicou por ajuda. Num piscar de olhos escuta suaves batidas na porta, terminou a reza e pôs-se logo a descobrir quem era o visitante.
Não! Não podia ser! Como? Sim! Era possível! A amiga de quem guardava grande saudade estava a sua porta, com toda a bagagem que trouxera de viagem. Quando se deu conta da realidade do momento, atirou-se em ofertar o melhor abraço, a mais carinhosa acolhida a quem estivera tanto tempo conhecendo o mundo a fora. Cada toque, cada sorriso, cada olhar fora correspondido com todo amor que uma amizade verdadeira pode conter.
Horas se passavam sem que qualquer das duas pudesse notar. Era um cafezinho aqui, uma bolachinha ali, e o bate-papo não via um fim. Mas o tempo estava passando, mesmo com o desgosto das amigas, era hora de ir embora, hora de voltar para casa e arrumar tudo, a viagem fora longa e a volta para casa era muito almejada. Trocaram outro abraço, cheio de carinho, e a segunda amiga despediu-se enquanto a primeira voltava para o quarto, deitava em sua cama e continuava a olhar para o teto, como se o branco fosse lhe mostrar algo que ela não conseguia enxergar sozinha.

Não demorou muito para pegar no sono, lá encontrou tudo o que procurava. Por coincidência ou não, no sonho estava fazendo a mesma tentativa, olhava em vão para um teto branco, mas agora alguma coisa começava a acontecer, alguns movimentos foram se construindo, algumas peças foram se encaixando e ela entendeu. Era o quebra-cabeça da sua vida, das suas relações. Enquanto admirava, reconhecia cada pessoa que entrava naquele quadro. Só faltava a peça do meio, essa era um pouco maior que as outras e estava demorando um pouco mais. Numa das paredes notou que a peça se formava de outras pecinhas menores, mas estava incompleta. Levantou-se, sem acreditar, caminhou até a peça e com um simples toque, ela completou o que faltava, a peça acendeu-se num brilho ardente e tomou seu rumo para o centro do quebra-cabeça. Deitou-se de novo e pôs-se, agora, a admirar aquela bela obra cujo centro era ela mesma e ao redor cada uma das pessoas que lutou por ela, todas se contagiando pelo brilho que agora tomava conta de toda sua vida.

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