Deitada na cama, ela olhava
para o teto em busca de alguma resposta. Nada. Fechava os olhos e os abria
novamente, numa vã tentativa. Outra vez nada. Ajoelhou-se, então, e suplicou
por ajuda. Num piscar de olhos escuta suaves batidas na porta, terminou a reza
e pôs-se logo a descobrir quem era o visitante.
Não! Não podia ser! Como?
Sim! Era possível! A amiga de quem guardava grande saudade estava a sua porta,
com toda a bagagem que trouxera de viagem. Quando se deu conta da realidade do
momento, atirou-se em ofertar o melhor abraço, a mais carinhosa acolhida a quem
estivera tanto tempo conhecendo o mundo a fora. Cada toque, cada sorriso, cada
olhar fora correspondido com todo amor que uma amizade verdadeira pode conter.
Horas se passavam sem que
qualquer das duas pudesse notar. Era um cafezinho aqui, uma bolachinha ali, e o
bate-papo não via um fim. Mas o tempo estava passando, mesmo com o desgosto das
amigas, era hora de ir embora, hora de voltar para casa e arrumar tudo, a viagem
fora longa e a volta para casa era muito almejada. Trocaram outro abraço, cheio
de carinho, e a segunda amiga despediu-se enquanto a primeira voltava para o
quarto, deitava em sua cama e continuava a olhar para o teto, como se o branco
fosse lhe mostrar algo que ela não conseguia enxergar sozinha.
Não demorou muito para pegar
no sono, lá encontrou tudo o que procurava. Por coincidência ou não, no sonho
estava fazendo a mesma tentativa, olhava em vão para um teto branco, mas agora
alguma coisa começava a acontecer, alguns movimentos foram se construindo,
algumas peças foram se encaixando e ela entendeu. Era o quebra-cabeça da sua
vida, das suas relações. Enquanto admirava, reconhecia cada pessoa que entrava
naquele quadro. Só faltava a peça do meio, essa era um pouco maior que as
outras e estava demorando um pouco mais. Numa das paredes notou que a peça se
formava de outras pecinhas menores, mas estava incompleta. Levantou-se, sem
acreditar, caminhou até a peça e com um simples toque, ela completou o que faltava,
a peça acendeu-se num brilho ardente e tomou seu rumo para o centro do
quebra-cabeça. Deitou-se de novo e pôs-se, agora, a admirar aquela bela obra
cujo centro era ela mesma e ao redor cada uma das pessoas que lutou por ela,
todas se contagiando pelo brilho que agora tomava conta de toda sua vida.
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